segunda-feira, 31 de maio de 2010
Mais um final...
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Confusão
Mais uma história
E é essa história que hoje vou contar.
Foi há muito tempo atrás, na época em que os lampiões de querozene ainda eram os responsáveis pela iluminação dessa humilde ruazinha. As coisas não podiam ser mais pacatas nessa cidade, porém a paz foi interrompida pela chegada de um estranho, o mais lindo estranho que já conheci.
Porém o restante da cidade não compartilhava da mesma alegria.
Em uma ruazinha escura - essa mesma que já lhe foi apresentada - pessoas morriam silenciosamente e eram encontradas dias depois com marcas entranhas no pescoço, e sem qualquer resquício de sangue em seus corpos. Começavam a surgir boatos de um vampiro, um demônio, e demais histórias fantasiosas. Ou nem tão fantasiosas assim.
Era a última noite dele na cidade, ela estava no mesmo banco o esperando. Ele havia prometido uma surpresa, e ela já sonhava com um anel. Ele chegou, beijou docemente a mão dela e começou a conduzi-la pela cidade. Ela confusa apenas deixou-se levar.
De repente ele parou, ajoelhou-se segurando-a em seu colo. A visão era aterradora, ele com os lábio sujos de sangue e ela com o vestido tingido de vermelho imóvel em seus braços.
Mas ela ainda não estava morta, ele não havia conseguido terminar. Foi quando os olhos fixaram-se um no outro e ela pode ver toda aquela agonia, todo o medo que ele também escondia.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Garotos Perdidos
Pés descalços, roupas rasgadas e algumas drogas nas mãos. Dois garotos se exibem diante da câmera de um fotógrafo qualquer. Mostram rostos sorridentes e uma postura de quem pode tudo.
Mas eu sei que não é assim. E você também sabe.
São eles os garotos por quem passamos todos os dia, os que imploram comida ou uma moeda qualquer nos faróis de tantas ruas. São para eles que viramos o rosto, atravessamos a rua e fingimos não ver tanta pobreza em um país tão rico. Meninos que conhecem muito mais da vida do que eu, que são obrigados a se fazerem fortes para poder acordar todos os dias nessa vida miserável. Um deles quer ser traficante como o irmão mais velho, o outro aidna não sabe, mas provavelmente seguirá o mesmo caminho. Claro, se no meio da história não forem mortos por uma arma ou pelo pó branco que carregam.
Garotos perdidos que buscam nas drogas sua passagem para a tão sonhada "Terra do Nunca", obrigados a crescer mais cedo e esquecer o que realmente são: crianças. Desde cedo aprendem que não há espaço para eles nesse mundo que mais exclui do que acolhe, e se obrigam a viver à margem da sociedade, sem perspectiva de vida e desprovidos de privilégios que muitas vezes ignoramos: uma família, comida na mesa, uma cama quente para dormir.
Nós sentimos pena, nos compadecemos nos segundos em que olhamos a fotografia, mas continuamos nossas vidas, fingindo que não nos afeta, dando uma esmola ou outra de vez em quando, e esperando sentados que alguém faça alguma coisa.
terça-feira, 4 de maio de 2010
A garota do cabelo cor de fogo
- Oi, eu sou Johny, você acaba de chegar na cidade né?
Ela virou-se para encará-lo, e ele assustou-se com a tristeza que via atrás daqueles lindos olhos verdes.
- Sim, mas estou só de passagem.
- Ah, que pena. A cidade é pequena, mas no outono temos paisagens lindas, é só a chuva que atrapalha um pouco.
Ela assentiu de leve, voltando a se concentrar em sua cerveja.
Ele estava fascinado, queria descobrir tudo a respeito dela, uma garota assim não merecia toda aquela tristeza, e por algum motivo ele queria fazê-la sorrir.
- Não quer ir para outro lugar? Há um lago aqui perto, acho que você vai gostar.
Ela o olhou um pouco assustada, mas o que havia de mal em sair do bar com ele? Aceitou, afinal, conhecia o lago também, e o achava lindo.
Sentaram-se sob a varanda de uma velha casa para se protegerem da chuva. A paisagem era incrível, como ela se lembrava. A lua cheia era refletida pela água, a grama e as árvores escurecidas pela noite, e a chuva lembrava pequenos cristais caindo. Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto, e ela enxugou-a antes que ele percebesse.
- É lindo não é?
- É sim.
- Você vai me contar porque está aqui?
Ele não lembrava dela. Como lembraria? Fazia anos que ela havia ido embora, e mudara muito. Ele, alguns anos mais velho, nunca repararia na garota que um dia ela fora.
- Eu já morei aqui, nessa mesma casa. Estou na cidade só para arrumar alguns assuntos pendentes, afinal minha mãe não consegue mais resolver sozinha, ela nem ao menos me reconhece.
Ele agora nota as lágrimas que ela já não consegue esconder. Nunca imaginaria que ela era a garota dos cabelos cor de fogo que ele observava de longe quando era mais jovem. Sem saber ao certo o que dizer ele apenas a abraça devagar, deixando-a sofrer em silêncio...
Talvez, continua...