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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mais um final...

" Se o que você queria,
era me ver chorar,
então pode sorrir..."


Hoje, quando eu mais precisei de ti você me virou as costas.
Onde está o garoto que um dia me prometeu o céu?
Jurei que nunca mais me entregaria assim, que nunca mais confiaria tão cegamente em alguém, mas quando você disse que ficaria para sempre aqui eu quiz acreditar.
Busquei em ti o refúgio para as minhas dores, os sorisos dos meus dias, o sol quando tudo parecia nublado, e quando enfim acreditei encontrar terra firme você vem e causa um terremoto.
Com algumas palavras você me fez desacreditar em tudo outra vez, bagunçar tudo o que eu tinha arrumado tão perfeitamente dentro de mim. Como você pode se contradizer tanto? Você jurou nunca me magoar, jurou sempre querer o meu bem, e hoje, por me conhecer mais do que ninguém você me fere onde mais doi. Eu te amo você pronunciou uma vez, e usa esse amor como desculpa para me deixar no chão. Que amor é esse que machuca ao invés de curar?
As lágrimas que você diz correrem pelos eu rosto não são nada comparadas as que você me faz derramar agora. Diz que tem que ser forte pra dizer tudo isso pra mim, mas você não é, na verdade nunca foi, você é covarde o suficiente para desistir agora, sem nunca ter tentado de verdade. As palavras vãs que eu tanto escutei nunca valeram mais do que as atitudes que você nunca tomou.
Se me magoar era o que você queria, parabéns, você atingiu seu objetivo! Mas não pense que eu ainda estarei aqui quando você se arrepender e quiser voltar.
Quando você finamente se der conta já será tarde de mais.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Confusão



Quisera eu apenas uma vez poder ver tudo diferente. Tirar de mim meus pensamentos e meus sentimentos, colocá-los sobre a mesa e poder analisar assim cada mínimo fragmento deles. Estou cansada dessa eterna confusão de pensamentos sentimentais e sentimentos racionais.

Eles me enlouquecem, e eu fico assim, estática sem saber o que fazer.

Sim, eu não encontro mais o "fio da meada", o mapa do caminho que eu deveria seguir, e agora estou aqui perdida.

Porque eu disse não quando deveria dizer sim? E porque agora que tudo o que você precisava era de um não o que eu mais quero é dizer que sim, sim e sim?

É ridículo, é loucura, eu sei. Mas eu sou assim: ridiculamente louca.

Me tira da tua vida que é melhor, me manda tirar férias de ti e até de mim mesma, só não me deixa aqui, enrolada nos meus próprios nós.

Me manda me livrar de tudo, principalmente de mim mesma.

Mais uma história

Imagem retirada do Tumblr

Parece apenas uma rua qualquer, mas se essas paredes pudessem falar certamente contariam as mais lindas histórias sobre romances ardentes, reencontros emocionantes, e demais coisas lindas que você adoraria escutar. Mas a história mais sombria - e talvez a mais interessante - continua escondida entre as frestas das antigas venezianas, entre os tijolos das velhas casas e na mancha escura no fim da rua.

E é essa história que hoje vou contar.

Foi há muito tempo atrás, na época em que os lampiões de querozene ainda eram os responsáveis pela iluminação dessa humilde ruazinha. As coisas não podiam ser mais pacatas nessa cidade, porém a paz foi interrompida pela chegada de um estranho, o mais lindo estranho que já conheci.
O cabelo dele era de um castanho reluzente, a pele tão alva lembrava a neve - quase tão enregelante quanto ela - e os seus olhos, escuros como a noite, escondiam uma agonia amedrontadora. O simples pronunciar do seu nome gerava suspiros e arrepios.
Ele conquistou boa parte da pequena população com seu jeito cortês e educado de ser, apesar de ser visto apenas à noite andando pela cidade. Conquistou também o coração de uma jovem, como você já devia imaginar.
Eles se encontraram poucas vezes, mas esses poucos encontros já bastaram para que algo acontecesse entre os dois, ou melhor, para que ela se apaixonasse por ele. Ele lhe dirigia as mais lindas declarações, poemas de grandes autores, frases que ele mesmo criava, e ela aos poucos foi entregando seu coração. Ele a hipnotizava e fazia sentir coisas que nunca antes sentira, e ela estava feliz como há muito tempo não era.

Porém o restante da cidade não compartilhava da mesma alegria.

Em uma ruazinha escura - essa mesma que já lhe foi apresentada - pessoas morriam silenciosamente e eram encontradas dias depois com marcas entranhas no pescoço, e sem qualquer resquício de sangue em seus corpos. Começavam a surgir boatos de um vampiro, um demônio, e demais histórias fantasiosas. Ou nem tão fantasiosas assim.

Era a última noite dele na cidade, ela estava no mesmo banco o esperando. Ele havia prometido uma surpresa, e ela já sonhava com um anel. Ele chegou, beijou docemente a mão dela e começou a conduzi-la pela cidade. Ela confusa apenas deixou-se levar.
Qual não foi sua surpresa ao se deparar com a ruazinha tão conhecida - e tão assustadora - e se dar conta que esse era o seu destino.
- Você não está entendo não é? Mas logo irá compreeender.
Havia um tom de ironia naquelas palavras. Ela tentou se desvencilhar das mãos dele, mas não havia como. Ele era mais forte, e apesar de seus instintos gritarem para que ela lutasse, algo nele ainda a acalmava.
Ele a levou até o fim da rua, enlaçou-a pela cintura e deu-lhe um beijo. Ela sorriu, sentia o corpo relaxar, afinal, a finalidade da rua escura era apenas um beijo roubado.
Ele sorriu também, mordendo o pescoço dela.
Então ela compreendeu, sentiu que sua vida acabaria ali, nas mãos do homem desconhecido que ela tanto amou.

De repente ele parou, ajoelhou-se segurando-a em seu colo. A visão era aterradora, ele com os lábio sujos de sangue e ela com o vestido tingido de vermelho imóvel em seus braços.

Mas ela ainda não estava morta, ele não havia conseguido terminar. Foi quando os olhos fixaram-se um no outro e ela pode ver toda aquela agonia, todo o medo que ele também escondia.
- Não posso. Não tenho forças suficientes para isso. - ele susurrou.
E ela viu o rosto dele se contorcer de dor, de repulsa pelo que ele era. Queria poder dizer a ele para continuar, expulsar aquela dor que agora percorria o seu corpo, e por mais que não quizesse adimitir, queria dizer que o amava, e que o perdoava.
Ela foi deixada lá, sangrando e esperando que a morte viesse buscá-la logo. Mas ela não veio. O sol começou a aparecer e queimar de leve sua pele, as forças voltaram a surgir e ela conseguiu se levantar. Correu para se esconder, assustada e sentindo-se estranhamente renovada e com sede de algo que nunca havia provado antes.
Horas depois, de um canto da rua, pôde ver seu pai ajoelhado próximo à poça de sangue, sua mãe chorando compulsivamente, mas não conseguiu sentir nada. Não havia mais um coração pulsando dentro dela.


E essa caros amigos, é a minha história.
A poça de sangue ainda está lá, marcada nas pedras da calçada. Eterna. Assim como eu.
post para o Palavras Mil

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Garotos Perdidos

Foto retirada do Flickr


Pés descalços, roupas rasgadas e algumas drogas nas mãos. Dois garotos se exibem diante da câmera de um fotógrafo qualquer. Mostram rostos sorridentes e uma postura de quem pode tudo.

Mas eu sei que não é assim. E você também sabe.

São eles os garotos por quem passamos todos os dia, os que imploram comida ou uma moeda qualquer nos faróis de tantas ruas. São para eles que viramos o rosto, atravessamos a rua e fingimos não ver tanta pobreza em um país tão rico. Meninos que conhecem muito mais da vida do que eu, que são obrigados a se fazerem fortes para poder acordar todos os dias nessa vida miserável. Um deles quer ser traficante como o irmão mais velho, o outro aidna não sabe, mas provavelmente seguirá o mesmo caminho. Claro, se no meio da história não forem mortos por uma arma ou pelo pó branco que carregam.

Garotos perdidos que buscam nas drogas sua passagem para a tão sonhada "Terra do Nunca", obrigados a crescer mais cedo e esquecer o que realmente são: crianças. Desde cedo aprendem que não há espaço para eles nesse mundo que mais exclui do que acolhe, e se obrigam a viver à margem da sociedade, sem perspectiva de vida e desprovidos de privilégios que muitas vezes ignoramos: uma família, comida na mesa, uma cama quente para dormir.

Nós sentimos pena, nos compadecemos nos segundos em que olhamos a fotografia, mas continuamos nossas vidas, fingindo que não nos afeta, dando uma esmola ou outra de vez em quando, e esperando sentados que alguém faça alguma coisa.




post para o Mil Palavras

terça-feira, 4 de maio de 2010

A garota do cabelo cor de fogo



O sininho sobre a porta anunciava que mais alguém chegava. Ela entrou no bar com seus longos cabelos ruivos, encaracolados, um pouco molhados pela chuva, tirou a jaqueta com um ar de cansada e sentou-se junto ao balcão. Ninguém sabia ao certo quem ela era, talvez uma visitante naquela cidade pequena. Pediu uma cerveja e ficou ali, bebendo devagar, os olhos perdidos em algum lugar. Poucos notaram sua presença, afinal os pensamentos já estavam meio turvos devido às bebidas, mas alguém, lá no fundo do bar, a observava. Ele aproximou-se devagar, sentou ao lado dela:
- Oi, eu sou Johny, você acaba de chegar na cidade né?
Ela virou-se para encará-lo, e ele assustou-se com a tristeza que via atrás daqueles lindos olhos verdes.
- Sim, mas estou só de passagem.
- Ah, que pena. A cidade é pequena, mas no outono temos paisagens lindas, é só a chuva que atrapalha um pouco.
Ela assentiu de leve, voltando a se concentrar em sua cerveja.
Ele estava fascinado, queria descobrir tudo a respeito dela, uma garota assim não merecia toda aquela tristeza, e por algum motivo ele queria fazê-la sorrir.
- Não quer ir para outro lugar? Há um lago aqui perto, acho que você vai gostar.
Ela o olhou um pouco assustada, mas o que havia de mal em sair do bar com ele? Aceitou, afinal, conhecia o lago também, e o achava lindo.

Sentaram-se sob a varanda de uma velha casa para se protegerem da chuva. A paisagem era incrível, como ela se lembrava. A lua cheia era refletida pela água, a grama e as árvores escurecidas pela noite, e a chuva lembrava pequenos cristais caindo. Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto, e ela enxugou-a antes que ele percebesse.
- É lindo não é?
- É sim.
- Você vai me contar porque está aqui?
Ele não lembrava dela. Como lembraria? Fazia anos que ela havia ido embora, e mudara muito. Ele, alguns anos mais velho, nunca repararia na garota que um dia ela fora.
- Eu já morei aqui, nessa mesma casa. Estou na cidade só para arrumar alguns assuntos pendentes, afinal minha mãe não consegue mais resolver sozinha, ela nem ao menos me reconhece.
Ele agora nota as lágrimas que ela já não consegue esconder. Nunca imaginaria que ela era a garota dos cabelos cor de fogo que ele observava de longe quando era mais jovem. Sem saber ao certo o que dizer ele apenas a abraça devagar, deixando-a sofrer em silêncio...



Talvez, continua...




ps: post para a edição musical. Bloinquês