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terça-feira, 19 de janeiro de 2010


E enquanto seguro ridiculamente o telefone, me questiono mais uma vez se isso é a coisa certa. A superfície fria que está entre meus dedos me lembra do frio que é não ter você aqui. Do vazio que ficou no seu lado da cama, do seu cheiro ainda no travesseiro. E enquanto reúno forças pra enfim discar teu número, recordo de nossos corpos juntos, das bocas em um ritmo frenético, das tuas mãos se movendo por meu corpo. E esse calor que surge de repente, só da tua simples lembrança me basta por esse momento, fecho os olhos lembrando de como era confortável e seguro você do meu lado. Imagino precocemente nossa conversa casual ao telefone, os “como vai?”, as observações vis sobre o tempo, palavras das quais não precisamos. E me questiono mais uma vez porque ainda estou aqui, parada olhando incessantemente para o telefone. Nós nunca precisamos disso, aliás, nós nunca fizemos isso: conversas assim, simplórias, pelo telefone. Você sempre apareceu sem avisar, sempre tomou conta de tudo em mim, nunca perguntou nada, e eu nunca quis responder. Não sei porque agora cismei com isso, em ouvir tua vós, em querer saber de algo teu, nem que seja uma ínfima coisa, nem que seja pra mentir pra você que está tudo bem, mesmo sem te ter aqui. Olho mais uma vez para os ridículos números que me encaram e desisto. Recoloco o fone em seu devido lugar e fecho os olhos, me convencendo que é melhor assim, e imaginando como seria se eu tivesse a coragem de ligar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Você me disse que não valeria a pena continuar. Que os passos dados daqui pra frente seriam todos em vão. E eu tentei te convencer, tentei te mostrar que essa seria apenas mais uma batalha em meio a tantas pelas quais você já passou, que você deveria seguir, se não por você mesmo, por mim. E eu tentei ser a força que você precisava, a mão que estaria ali quando você precisasse, eu tentei. E eu vi a tristeza que você escondia atrás do sorriso falso enquanto os últimos fios de cabelo caiam no chão. Eu vi as lágrimas choradas escondidas porque você se recusava a mostrar ao mundo que não era “forte”, contrariando todas as vezes que eu disse que chorar não te faria mais fraca. E eu senti, te senti pequena no meio dos meus braços, senti todo o medo nos teus olhos, senti a saudade de te ter longe, senti medo de te perder pra algo que eu não podia controlar. E eu vi, vi você lutar com unhas e dentes para estar aqui, vi cada sorriso seu ao voltar pra casa, vi a coragem nos olhos a cada aplicação do remédio. E hoje eu sei, sei valorizar cada momento teu ao meu lado, sei que cada dia que te tenho por perto é um presente, e sei que nós vamos passar por mais essa fase, porque eu sei que você é forte, e você consegue!



Texto fictício, mas dedicado a alguém que faz parte da minha mais verdadeira realidade.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Meu melhor amor


As coisas começaram assim, sem querer. Ele sentava na classe a minha frente, mal conversávamos, até que um trabalho fatídico de história nos colocou no mesmo grupo. A amizade nasceu ali, entre livros e folhas de caderno. Não era mais possível nos separar. Ele sabia todos os meus segredos, ia comigo a todas as festas. Era ele quem atendia o telefone as 3 horas da manhã quando o sono não vinha e eu não conseguia parar de pensar em todos os meus problemas. Era ele quem secava minhas lágrimas e quem em fazia rir nas horas mais impróprias. Minhas manhãs se iluminavam com a companhia daquele garoto, os finais de semana só tinham graça se fossem com ele. A sua presença era tão essencial em minha vida que nem percebi que o sentimento aos poucos mudava de rumo. Aquele amor fraternal foi dando espaço a um outro, até certo tempo atrás desconhecido, mas que inundava cada vez mais meus pensamentos. Como compartilhar minhas duvidas se ele era meu confidente e ao mesmo tempo a razão das minhas confidências? Como saber se todos os carinhos e olhares eram correspondidos com a mesma intensidade, pelo mesmo motivo? Meu melhor amigo se tornava meu amor, ou apenas mais uma fantasia da minha mente sonhadora. E assim os dias se arrastavam, minhas duvidas consumindo meu coração e nossa amizade. O ciúme aumentava, eu lia as entrelinhas de cada frase que saia de sua boca, queria tê-lo cada vez mais para mim, só pra mim... Ele percebeu a mudança, seria impossível não perceber, depois de tanto tempo ele me conhecia melhor que eu própria. Não foi uma pergunta direta, ele apenas se sentou ao meu lado, pegou de leve a minha mão e falou casualmente que algo me incomodava, que eu podia confiar nele. Eu mal conseguia olhar nos seus olhos, aqueles olhos claros que naquele momento me deixavam sem ar, não saiam palavras de minha boca, mas mesmo assim ele compreendeu. Foi tão sutil que eu mal percebi quando seus lábios aproximaram-se dos meus, o nosso primeiro beijo foi mágico, tão intenso como eu nunca pensei. Minhas duvidas acabaram-se ali, sempre ouvi que amizade e amor estão a apenas um beijo de distância, e naquele diz descobri que sim. Meu melhor amigo é meu mais lindo amor, meu amor é meu mais fiel amigo.