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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A dor de uma eterna despedida



É difícil encarar uma demissão, um grande amigo se mudando de pais, o término de um namoro. Mas daqui a pouco encontramos outro emprego, o amigo retorna, nosso coração salta novamente por outro amor. Essas sãs as perdas da vida às quais nos acostumamos, é a conseqüência por estarmos em constante movimento nesse mundo.

Porém, por mais que tentem nos ensinar que a única coisa dessa vida da qual temos certeza é a morte, ainda não aprendi a lidar com o vazio que fica quando se perde alguém para sempre.

Já perdi amigos que não substituirei jamais, familiares cujo abraço de conforto eu não mais sentirei. Conviver com esse vazio, essa lacuna que nenhuma outra pessoa pode preencher é a parte mais difícil.

O eterno nos maltrata, a expressão “nunca mais” nos tira o chão: “nunca mais” olhar nos olhos, “nunca mais” acariciar os cabelos, “nunca mais” sentir o abraço, “nunca mais” ouvir a voz, “nunca mais”...

Difícil é encarar a falta de quem não voltará mais, de quem nos deixou apenas a saudade.

Saudade essa que faz transbordar os olhos quando uma lembrança nos pega desprevenidos, que dói por existir e não poder ser extinta. A mesma saudade que nos conforta, aquece nosso coração e nos faz, mesmo em meio às lágrimas, sorrir por saber que apesar de não estarem mais aqui essas pessoas fizeram parte de nossas vidas, e que talvez, em uma outra vida, poderemos encontrá-las.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Inacabada



Nossa música voltou a tocar no rádio. Quase não percebi, fui pega de surpresa, distraída fazendo qualquer outra coisa com aquele som ao fundo, baixinho, e de repente os acordes que eu tanto conhecia começaram a embalar meu coração.

Minha primeira reação foi sorrir, aquele sorriso cansado, de quem recorda um passado com saudade, sabendo que ele não vai mais voltar.

Logo, lágrimas começaram a brotar em meus olhos e rolaram suavemente por minha face. Lembrei teu toque, tua boca, teu sorriso e teus olhos nos meus.

Você, e apenas você conseguiu mudar aquela menina tola. As dúvidas, as inseguranças e todos os defeitos que você deixou para trás me fizeram olhar no espelho de uma maneira diferente. Te vi me aceitando por inteiro, de uma maneira que ninguém antes havia feito. Se você conseguia, porque eu não conseguiria?

- Somos seres imperfeitos, são esses “pequenos defeitinhos” que nos fazem especiais. Como a cicatriz no ombro que você insiste em maquiar mostra tua história, ou essa teimosia irritante que te faz correr atrás dos teus desejos não importa o que digam.

Você sorria em meu ouvido enquanto traçava a cicatriz em meu ombro. Até hoje quando fecho os olhos consigo sentir teu toque.

Você dizia que eu era tua menina, teu projeto de mulher. O projeto continua inacabado, afinal, como você sempre disse, nunca seremos concluídos, mas você não continua acompanhando o desenvolvimento dessa obra como projetista principal.

Hoje já não maquio a cicatriz, aprendi a usar minha teimosia de maneira correta, aceitei meus defeitos e vi minhas qualidades.

A música termina, mas suas lembranças não. Você eu tenho em mim. Sempre.