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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Meu anjo


Abro a janela e ela vem voando devagar, traça um caminho no ar e pousa de leve ao lado do meu travesseiro. Uma vez li em um livro que quando uma pluma aparece é porque um anjo passou por aqui. Sorrio. Meu anjo veio me visitar.

A brisa que entra pela janela e me envolve é como um abraço, o teu abraço. Porque eu sei que meu anjo é você.

Algo aqui dentro de mim se aquece, e eu sorrio mais uma vez, ao mesmo tempo em que as lágrimas correm lentamente pelo meu rosto. Posso até sentir teu perfume e lembrar de cada ruguinha do seu rosto. Dou um oi baixinho e digo o quanto sinto saudades. Te imagino sorrindo e dizendo que está sempre olhando por mim, não importa onde esteja. Mas queria mais do que uma pluma pra me lembrar disso, queria mais do que o vento me abraçando. Queria mais uma vez sentir teu cabelo fininho e teus braços em torno de mim.

Sei que isso não é possível, por isso recolho com todo cuidado a pluma e a guardo, como se pudesse te carregar comigo. É um pedaço de ti, a tua forma mais pura, antes escondida sob uma forma humana. Você é meu anjo, e por mais que a saudade doa, eu sei que você vai estar sempre aqui, eu sei que não importa o quanto o tempo passe, você estará sempre olhando por mim.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Um café e um amor, quentes por favor



 
Na estação mais fria do ano há quem diga que tudo é mais gelado, até os romances. Mas as pessoas tendem a se enganar.
Entre os amores alucinantes e passageiros de verão e os diversos amores imperfeitos que brotam a cada primavera, é preferível os sentimentos do inverno.
Sim, aqueles amores capazes de esquentar até mesmo os pés e corações mais gelados.
Essas paixões abaixo de zero são aquelas que compartilham não só os momentos bons e ruins, mas também o cobertor. E entre uma xícara e outra de chocolate quente com marshmelow, você se aquece com um novo amor. O calor do toque do outro esquenta mais que o ar condicionado, e não há como negar que um abraço vale mais que mil casacos.
A chuva caindo de leve na janela arranca suspiros, as pegadas sobre a grama coberta pela geada não estão mais sozinhas, a pipoca repartida no cinema nunca foi tão gostosa e sentar a frente da lareira não é mais tão solitário. O ventinho frio e as mãos geladas procurando por outras para se aquecerem são fontes de inspiração para os melhores romances.
Os fãs das estações quentes e seus sentimentos calorosos tentam negar, afirmam que nada se compara ao ritmo descontraído e alucinado que o sol tende a dar a tudo, ou até mesmo que não há mais romantismo do que a vida florescendo.
Mas sugiro, a próxima vez que forem a mercearia peçam pelo menos uma vez as duas melhores coisas desse inverno: “um café e um amor, quentes por favor.”




Este texto faz parte da tag "De Quinze em quinze" do blog depoisdosquinze.com

sexta-feira, 1 de julho de 2011

About a boy

Hoje me peguei sentindo falta de ti. Foi quando surgiu Nirvana tocando baixinho, e com ela uma enxurrada de lembranças. Deu saudade do teu humor sem graça, da tua falta de jeito pra me beijar, de ti me esperando até tarde só pra dar um oi.

Enquanto Kurt canta sobre uma garota, eu lembro de você tocando guitarra pela webcam e de como desejei você aqui. Como foi estranho nosso começo, meus comentários ridículos pelo Orkut porque eu não sabia o que dizer, as conversas de madrugada pelo MSN, e a expectativa de te encontrar no mundo real. Mais ridículo ainda nosso fim, essa minha insegurança que me faz correr quando vejo uma oportunidade de ser um pouquinho mais feliz. Você chegou perto o suficiente, e então eu fugi.

Ainda espero o celular tocar de madrugada pra ouvir tua musica preferida do Paul Mccartney, te procuro pelos corredores pra fazer de conta que te encontrei por acaso e ainda sorrio boba quando lembro que você gostou de mim. É essa minha ilusão de que eu posso voltar e você vai estar ali, com aquele sorriso irônico enquanto me chama no diminutivo, e dizendo que estava esperando por mim.