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terça-feira, 4 de maio de 2010

A garota do cabelo cor de fogo



O sininho sobre a porta anunciava que mais alguém chegava. Ela entrou no bar com seus longos cabelos ruivos, encaracolados, um pouco molhados pela chuva, tirou a jaqueta com um ar de cansada e sentou-se junto ao balcão. Ninguém sabia ao certo quem ela era, talvez uma visitante naquela cidade pequena. Pediu uma cerveja e ficou ali, bebendo devagar, os olhos perdidos em algum lugar. Poucos notaram sua presença, afinal os pensamentos já estavam meio turvos devido às bebidas, mas alguém, lá no fundo do bar, a observava. Ele aproximou-se devagar, sentou ao lado dela:
- Oi, eu sou Johny, você acaba de chegar na cidade né?
Ela virou-se para encará-lo, e ele assustou-se com a tristeza que via atrás daqueles lindos olhos verdes.
- Sim, mas estou só de passagem.
- Ah, que pena. A cidade é pequena, mas no outono temos paisagens lindas, é só a chuva que atrapalha um pouco.
Ela assentiu de leve, voltando a se concentrar em sua cerveja.
Ele estava fascinado, queria descobrir tudo a respeito dela, uma garota assim não merecia toda aquela tristeza, e por algum motivo ele queria fazê-la sorrir.
- Não quer ir para outro lugar? Há um lago aqui perto, acho que você vai gostar.
Ela o olhou um pouco assustada, mas o que havia de mal em sair do bar com ele? Aceitou, afinal, conhecia o lago também, e o achava lindo.

Sentaram-se sob a varanda de uma velha casa para se protegerem da chuva. A paisagem era incrível, como ela se lembrava. A lua cheia era refletida pela água, a grama e as árvores escurecidas pela noite, e a chuva lembrava pequenos cristais caindo. Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto, e ela enxugou-a antes que ele percebesse.
- É lindo não é?
- É sim.
- Você vai me contar porque está aqui?
Ele não lembrava dela. Como lembraria? Fazia anos que ela havia ido embora, e mudara muito. Ele, alguns anos mais velho, nunca repararia na garota que um dia ela fora.
- Eu já morei aqui, nessa mesma casa. Estou na cidade só para arrumar alguns assuntos pendentes, afinal minha mãe não consegue mais resolver sozinha, ela nem ao menos me reconhece.
Ele agora nota as lágrimas que ela já não consegue esconder. Nunca imaginaria que ela era a garota dos cabelos cor de fogo que ele observava de longe quando era mais jovem. Sem saber ao certo o que dizer ele apenas a abraça devagar, deixando-a sofrer em silêncio...



Talvez, continua...




ps: post para a edição musical. Bloinquês

2 comentários:

Jéssicα Pereirα disse...

Adooooooooooorei seu blog, estou seguindo, segue o meu também?

Jéssicα Pereirα disse...

não deixei o link .. rs
http://surtosmodeon.blogspot.com/