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terça-feira, 19 de janeiro de 2010


E enquanto seguro ridiculamente o telefone, me questiono mais uma vez se isso é a coisa certa. A superfície fria que está entre meus dedos me lembra do frio que é não ter você aqui. Do vazio que ficou no seu lado da cama, do seu cheiro ainda no travesseiro. E enquanto reúno forças pra enfim discar teu número, recordo de nossos corpos juntos, das bocas em um ritmo frenético, das tuas mãos se movendo por meu corpo. E esse calor que surge de repente, só da tua simples lembrança me basta por esse momento, fecho os olhos lembrando de como era confortável e seguro você do meu lado. Imagino precocemente nossa conversa casual ao telefone, os “como vai?”, as observações vis sobre o tempo, palavras das quais não precisamos. E me questiono mais uma vez porque ainda estou aqui, parada olhando incessantemente para o telefone. Nós nunca precisamos disso, aliás, nós nunca fizemos isso: conversas assim, simplórias, pelo telefone. Você sempre apareceu sem avisar, sempre tomou conta de tudo em mim, nunca perguntou nada, e eu nunca quis responder. Não sei porque agora cismei com isso, em ouvir tua vós, em querer saber de algo teu, nem que seja uma ínfima coisa, nem que seja pra mentir pra você que está tudo bem, mesmo sem te ter aqui. Olho mais uma vez para os ridículos números que me encaram e desisto. Recoloco o fone em seu devido lugar e fecho os olhos, me convencendo que é melhor assim, e imaginando como seria se eu tivesse a coragem de ligar.

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